Em 2009, 27% dos brasileiros eram considerados analfabetos funcionais - o índice se repetiu em 2011 e 2015, últimos anos em que o Inaf foi divulgado. Apesar do pequeno aumento no período (de 27% para 29%), estatisticamente o movimento é de estabilidade, segundo os autores do estudo, uma vez que a margem de erro da pesquisa é de 2%. Para o trabalho, foram entrevistadas 2.002 pessoas entre 15 e 64 anos, de zonas urbanas e rurais, distribuídas proporcionalmente em todas as regiões do país.
Sobre os analfabetos absolutos, a variação entre 2015 e este ano é de 4% para 8%. Não é possível determinar que houve aumento, dizem os autores, porque o número está no limite da margem de erro. Mas os dados indicam que a curva não é mais de queda nesse grupo. "Vemos uma mudança nessa tendência, o que é coerente com a queda de investimentos que tivemos no País nos últimos anos na alfabetização de adultos", afirma Roberto Catelli Júnior, da Ação Educativa. O Plano Nacional de Educação, de 2014, prevê erradicar o analfabetismo absoluto até 2024.
Desde 2001, ano em que começou o Inaf, o total de brasileiros de 15 a 64 anos que chegaram ao ensino médio aumentou de 24% para 40%, e ao ensino superior, de 8% para 17%. Apesar de a população ter, hoje, mais anos de estudo, o índice daqueles plenamente capazes de se comunicar pela linguagem escrita segue igual - só 12% têm nível proficiente (o mais alto). Entre os que terminaram o ensino médio, 13% são analfabetos funcionais e, entre os que têm ensino superior, 4%.
A pesquisa mostra ainda avanço tímido na redução de analfabetos funcionais entre os jovens. Na faixa de 15 a 24 anos, os resultados são melhores, com 12% de analfabetos funcionais. "Há melhora, mas ainda não pode ser comemorada porque só 16% terminam os estudos com a plena capacidade de se comunicar", alerta Ana Lucia Lima.
Diferentemente de outras pesquisas que medem o analfabetismo, a equipe do Inaf faz entrevistas domiciliares e aplica um teste específico, com questões que envolvem a leitura e interpretação de textos do cotidiano (bilhetes, notícias, gráficos, mapas, anúncios, etc) e classifica a habilidade em cinco níveis de proficiência.
A taxa analfabetismo calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, mostra estagnação do analfabetismo absoluto no País - de acordo com este estudo, 7% da população acima de 15 anos não sabem ler ou escrever, o que corresponde a 11,5 milhões de pessoas. "O indicador tem como objetivo medir o quanto o brasileiro consegue entender e se fazer entendido em uma sociedade letrada. Infelizmente, estamos estagnados há muitos anos em patamar muito preocupante", diz Ana Lucia Lima, coordenadora do Inaf.
MEC
O Ministério da Educação (MEC) informou, em nota, que só pode avaliar estudos do governo federal. Disse ainda que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) faz parte do ensino básico e, portanto, é de responsabilidade dos Estados e Municípios, cabendo à pasta somente fornecer "apoio suplementar" à alfabetização.
Destacou também programas de apoio ao EJA, como o Brasil Alfabetizado e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), destinado a jovens de 18 a 29 anos que não conseguiram terminar a escolarização no tempo adequado.
Fonte: < https://veja.abril.com.br/educacao/tres-em-cada-dez-sao-analfabetos-funcionais-no-pais-mostra-estudo/ >. Acesso em 08/2019.